11 julho 2010

Do firmamento ao chão

Eu não esperava hoje aos 23 anos, escrever o quanto senti pela morte do meu pai não é muito fácil.As piores palavras que alguém poderia me dizer, a pior noticia que alguém poderia me dar: “Nathi, seja forte,! O seu pai não está mais entre nós. Ele se foi”.

Meu corpo estremeceu, eu não acreditei, mas imaginei no mesmo momento, minha vida acabou. Meu pai morto? Não, não, não, não podia ser verdade. Não queria ouvir nada, não queria saber, era um sonho... Passar aquela madrugada de 23 de Fevereiro, desejando a minha morte e não a do meu papai. Triste foi ouvir os gritos de dor da minha mãe, e as palavras a todo tempo, Nathi eu sinto muito, seja forte, Nathi, seja forte, e sem entender o que tinha acontecido. E terrível foi lembrar a ultima tarde que passamos juntos, foi como uma despedida hoje tenho isso como a melhor lembrança.


Ele se foi de uma maneira cruel, e eu me lembro dos momentos com ele com lagrimas nos olhos e com um grito calado no meu peito, sua falta me consome até hoje, os dias são tão iguais, os meus olhos só passavam o vazio da sua ausência, escuto sua voz como som suave que me traz um sorriso, me lembro de como era gostoso ser retirada dos castigos que minha mãe me colocava, ser resgatada para tomar sorvete. Naquele dia eu odiei Deus e me questionei que mal tinha feito para perder o meu herói. Foi complicado entender porque eu não podia mais ver o meu pai. A vida passa num piscar de olhos, passa de repente e a gente nem percebe, e não levamos a serio quando escutamos: não deixe pra amanha o que você pode fazer hoje, o amanha é incerto e eu não sei a quem pertence, não escolhemos. As pessoas deixam de existir e não mandam noticias.

Nunca estamos preparados para a morte por mais certa que ela seja. No dia 09 de julho de 2010, meu querido Vô foi embora também, e a dor é absurda, fico pensando, e isso acaba confortando, que ele era um cara do bem, e essas pessoas especiais começam uma nova vida quando morrem Não podemos controlar nada, e isso me irrita, se a força do pensamento que tenho tivesse realmente poder, eu mataria muita gente e ressuscitaria tantas outras que eu sempre amarei, mas a real é que só podemos continuar vivendo até chegar a nossa vez de ir .O que mais posso fazer, além de chorar ? Nada, não sou nada, não posso mandar meu pai voltar pra mim, não posso pedir para o Vô voltar a existir , e nem sequer ir ao encontro daqueles que já se foram.

Mas o único desejo que bate a muitos anos nesse coração envenenado é de poder ver por alguns segundos o meu pai,sentir seu cheiro e abraçar sua alma.

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